Rendado Branco

Gostaria de te ver passar por aqui
Passando com esse seu balanço
Me balançaria junto com o teu cabelo curto

Gostaria de te ver chegar até aqui
Pra que eu pudesse me deslumbrar
E te abraçar desajeitadamente

Gostaria de ouvir sua poesia delicada
E seus palavrões

Gostaria de te tirar pra brincar
Aproveitar o melhor do teu humor
Ouvir uma tirada inteligente

Gostaria de tocar seu cabelo ao menos uma vez por dia
E te repetir o quanto você é linda se por algum momento esquecesse

Palmos e palmas

Lembrei de você com o ardor da minha saudade
Chorei por ser filho, por ser amor
Que às vezes parece se esvair quando o peito aperta
O desespero desconcerta a sanidade
Espanca o que parece justiça
A dor grita e o carinho se cala
Deixando-me ironizar a vida por alguns instantes

Enquanto houver chão
Vou pisar na desgraça de achar que devo sofrer
Enquanto a terra desce
Eu enterro a morte prematura do meu espírito

Vou te deixar nesse dia difícil
Vou me despedir e te levar comigo
Cada vez que o vento soprar
Saberei que é seu conforto de pai
Entenderei que o que se vai nem é o mais importante aqui
Onde tudo morre
Entenderei que ficar pra sempre vivo é uma questão de amor

Não vou te dar meu desanimo imediato por não tocar mais seus ombros
Levantarei os escombros e limparei a poeira
Vou te deixar ir na paz que me fez escolher ficar e ser forte
Vá!
Não vou fugir
Serei grato a toda sua servidão paternal
E quando eu me cansar de resistir
Vou te jogar no fundo de uma piada
E chorar sorrindo pra saudade
Pois se sempre te amei e sempre me deu amor
Não farei da dor caminho para momentos que eu não sofri pra viver

Rapunzel

Sempre me enrosco no seu cabelo
Eu brinco com ele
Vou por entre os fios me esgueirando
Procurando o jeito de sentir o cafuné que ele me faz
É, seu cabelo me faz cafuné
Com suas mechas cheirosas e pesadas
Nelas cabem o meu braço inteiro
Elas me cobrem
Elas me abraçam
Elas nunca acabam

Teu cabelo é como teia
Me prende
Se me mexo prende mais
Mas sou eu que me prendo
Eu que me protejo
Faço dele telha
Me abrigo
Me escondo

Cabelo quente
Cabelo cheio
Cabelo
Muito cabelo
Que no meu rosto se transformam em máscaras
Barbas e penteados
Eles me transformam
Me transportam pra infância
Me dão minutos tranquilos

Cabelo macio
Gostoso de deitar
Os embaraço por bobeira
Por provocação
Me faço de menino chato
Te escalando até a nuca
Só pra depois escorregar de novo
Só pra depois ter o gosto de voltar brincando
Me enrolando
Remodelando seu pentear
Me fazendo de pente
Até me trançar em você

Remodelar

Te transformei em sonho
Agora consigo dormir
Sei que quando acordar
Passou

Te transformei em amor
Tanto que não dói
Não era pra doer
E sim pra eu perder sorrindo
Pois sorrindo te ganhei

Te transformei em saudade
Uma que não pudesse me enganar
Um presente para a nossa história curta
Pois não quero me afogar na mentira do esquecer

Suposto

É uma duvida chata

Parece que não estamos no mesmo encontro

Digo por todas as vezes que tive que te perguntar

Entenda que é como uma exigência da minha vaidade atrapalhando meu sossego

Pois me incomoda não entender 

Alguns sinais enganam

Alguns romances também

E é sem querer deturpar a verdade

Que me perco imaginando o que não sei

Pois isso tudo é uma vontade que sobra

É a  tua lembrança que bate

Lamento te tornar refém das minhas ideias

E que numa horas dessas eu já te quero comigo

E no momento só tenho o sobreaviso de te esperar chegar
Talvez ou nunca

E se você estivesse do outro lado das minhas palavras?

Me coloquei disposto a não estremecer por uma paixão

Você vem e destorce essa minha ousadia

Vem e me provoca, me marca e me faz escrever pra você

Me faz querer esperar e não saber me comportar direito
Faz tudo do jeito que eu escrevo

E se eu soubesse dar jeito em tudo isso
Reclamaria menos por extenso

Se eu não deixo...

Tá, fiquei sem jeito
Achei que eram meus os defeitos
Já deixei disso
Pra que tal importância pra tão pouca relevância comigo?
Deixo disso
To com sono por ficar acordado demais pensando
Queimando a paciência
Amando sozinho

Se tá sem jeito
Já é defeito
Já é comigo
Haja competência
 Amar sozinho
Já não consigo
Deixarei disso
Quando acabar a paciência

1° de abril

Hoje não vou ligar
Não vou perguntar
Não vou me importar
Não vou te amar

Hoje serei humano
Hoje não serei amor
Hoje só serei gente

Não pensarei na gente
Não te imaginarei presente
Hoje ficarei contente por não ter você

Hoje eu sairei ileso
Hoje seguirei minha vontade
Hoje serei apenas arte
Hoje tudo não passará de um quadro

Hoje eu ficarei no raso
Hoje eu não quero abraço
Hoje eu não quero cena
Hoje eu só serei gente